segunda-feira, 5 de setembro de 2011

INTERTEXTUALIDADE



Textos "conversam" entre si

Para entender o que é o conceito de "intertextualidade", um exemplo divertido. O jogo do "não confunda":
  • Não confunda "bife à milanesa" com "bife ali na mesa",

  • Não confunda "conhaque de alcatrão" com "catraca de canhão",

  • Não confunda "força da opinião pública" com "opinião da força pública".
    Como se vê, é possível elaborar um texto novo a partir de um texto já existente. É assim que os textos "conversam" entre si. É comum encontrar ecos ou referências de um texto em outro. A essa relação se dá o nome deintertextualidade.
    Para entender melhor a palavra, pense em sua estrutura. O sufixo inter, de origem latina, se refere à noção de relação (entre). Logo, intertextualidade é a propriedade de textos se relacionarem.

  • Dados da Aula

    O que o aluno poderá aprender com esta aula
    Esta aula tem o objetivo de Desenvolver a capacidade de relacionar textos diversos, identificando um intertexto.  
    Duração das atividades
    3 aulas de 50 minutos
    Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
    Habilidades básicas de leitura e escrita e conhecimentos sobre antíteses e paradoxos
    Estratégias e recursos da aula

    Aula 1

    A) Apresentação da seguinte imagem aos alunos:

    Mon Bijoux deixa sua roupa uma perfeita obra-prima.”
    B) Indagar se eles já conheciam a propaganda e se sabem a que outra imagem famosa ela refere-se. Mostre então a imagem abaixo e explique sobre a tão famosa obra. 

    Informações sobre a obra:

    Monalisa é uma famosíssima obra de arte feita pelo italiano Leonardo da Vinci, o quadro retrata a figura de mulher com um sorriso tímido e expressão introspectiva.

     Introduza o conceito de intertextualidade.
    Intertextualidade é a relação entre dois textos em que um cita o outro. Assim, qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização. A intertextualidade pode ocorrer em textos escritos, músicas, pinturas, filmes, novelas etc. Esclareça que, dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos textos/contextos em que ela é inserida.

    Aula 2   

    a) Entregue aos alunos o texto abaixo:   

    Texto 1:

    Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.   
    (Bíblia, I Coríntios 13)
    b) Peça aos alunos que façam uma leitura silenciosa do texto. Em seguida, faça você, professor, uma leitura em voz alta para os alunos. Procure dar a entonação e as pausas adequadas, fazendo desta uma leitura bastante expressiva e contagiante.     
    c) Pergunte aos alunos o que acharam do texto, se gostaram, se não gostaram, (por quê?) e se o compreenderam.    
    d) Entregue aos alunos o texto abaixo:

    Texto 2:   

    Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;
    É um não querer mais que bem querer;
    É solitário andar por entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É cuidar que se ganha em se perder;
    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata lealdade.
    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    se tão contrário a si é o mesmo Amor?
    Soneto 11 de Luiz Vaz de Camões (Rimas)     
    e) Peça aos alunos que façam uma leitura silenciosa do texto. Em seguida, distribua cada verso do poema para cada aluno da turma. Dependendo do número de alunos da turma, divida-a em 2 grupos e então distribua os versos do poema para cada aluno de cada grupo. Peça para que os grupos reunam seus participantes e elaborem uma forma de recitar o poema. Cada aluno deverá apresentar um verso, atentando-se para a entonação necessária e a emoção que deve passar.    
    f) Pergunte aos alunos o que acharam do texto, se gostaram, se não gostaram (por quê?) e o que sentiram ao ter que recitá-lo.   
    g) Entregue aos alunos os exercícios abaixo: 

    Exercícios   
    1.      Em poucas linhas, escreva o assunto do texto I.
    2.      Tendo em vista que o texto I foi tirado da Bíblia, qual é o seu público alvo?
    3.      Agora, em poucas linhas escreva o assunto do texto II.
    4.      Em sua opinião, qual é o objetivo comunicativo do texto II.       
    5.      Considere as definições:
    Antítese – Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.
    Paradoxo - é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória, mas na realidade expressa uma verdade possível.
    O poema de Camões é composto por antíteses e paradoxos.
    a) Dê um exemplo de antítese.
    b) Dê um exemplo de paradoxo.
    c) Que sentido essas figuras de linguagem trazem para o texto?   
    6. Qual o aspecto semelhante entre os dois textos?   
    7. A concepção de amor é diferenciada nos dois textos. Explicite essa diferença.  
    (Professor, guie os alunos para a percepção do tratamento diferenciado dado ao amor nos dois textos. No texto I, o amor é tratado como generoso, caridoso, enquanto no texto II, temos o amor possessivo, contraditório.)   
    h) Peça que os alunos façam os exercícios e depois os corrija juntamente com os alunos.

    Aula 3

    i) Relembre os dois textos estudados na aula passada. Se julgar necessário, releia-os  ou peça que os alunos leiam em voz alta.
    j) Entregue o texto abaixo aos alunos. Professor, a sugestão é que você leve a música para os alunos ouvirem e peça que acompanhem a música com a leitura silenciosa da letra.

    Texto III

    Monte Castelo
    Ainda que eu falasse
    A língua dos homens
    E falasse a língua dos anjos
    Sem amor, eu nada seria...
    É só o amor, é só o amor
    Que conhece o que é verdade
    O amor é bom, não quer o mal
    Não sente inveja Ou se envaidece...
    O amor é o fogo
    Que arde sem se ver
    É ferida que dói
    E não se sente
    É um contentamento
    Descontente
    É dor que desatina sem doer...
    Ainda que eu falasse
    A língua dos homens
    E falasse a língua dos anjos
    Sem amor, eu nada seria...
    É um não querer
    Mais que bem querer
    É solitário andar
    Por entre a gente
    É um não contentar-se
    De contente
    É cuidar que se ganha
    Em se perder...
    É um estar-se preso
    Por vontade
    É servir a quem vence
    O vencedor
    É um ter com quem nos mata
    A lealdade
    Tão contrário a si
    É o mesmo amor...
    Estou acordado
    E todos dormem, todos dormem
    Todos dormem
    Agora vejo em parte
    Mas então veremos face a face
    É só o amor, é só o amor
    Que conhece o que é verdade...
    Ainda que eu falasse
    A língua dos homens
    E falasse a língua dos anjos
    Sem amor, eu nada seria...
    (Renato Russo – Legião Urbana, “As quatro estações”, 1989.)
    l) Após a leitura/escuta, pergunte aos alunos se eles já conheciam a música, o que acharam dela e por quê.
    m) Pergunte se eles conseguem ver semelhanças entre a letra da música e os dois textos lidos anteriormente. Ressalte que essas semelhanças compõem uma relação de intertextualidade.
    n) Peça que grifem na letra as partes que “dialogam” com o Texto I e as que “dialogam com o Texto II.
    o) Comente com os alunos sobre a relevância da música Monte Castelo ao trazer para os jovens dos anos 80 (quando a música foi lançada) dois escritores tão distantes. Vale ressaltar que o poema de Camões data do século XVI e compõe a vasta gama de produção do período do Classicismo; já a carta do apóstolo Paulo à Igreja de Corinto, registrada na Bíblia, foi escrita em Éfeso, no século I d.C









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